Como saber se o
divórcio é a melhor solução?
Dos variados
problemas que afetam a vida conjugal, destaca-se, a precariedade do vínculo
afetivo. Ele nasce na formação da personalidade, na infância. Caso a pessoa não
tenha formado um grau satisfatório de vínculo com os responsáveis por sua
criação, encontrará dificuldades nas relações que sucederão. Por força do
encanto exercido no período de namoro entre duas pessoas, vários comportamentos
ficam ocultos. Frases como: “Você não era assim quando lhe conheci”; “Gostaria
que você voltasse a ser como era antes”, “Ah, como era bom nosso namoro”, são
muito frequentes. Mas o que de fato mudou?
Será que realmente foi o
outro que mudou ou apenas as expectativas envolvidas no encontro do casal que
começam a “cair por terra”?
Nas relações
humanas, sobretudo na vida conjugal, observam-se comportamentos variados.
Inicialmente, evidencia-se o poder do envolvimento e o êxtase exercido pela atração
das partes que se conhecem. Conforme Moraes (2003), escolhemos os nossos pares
pelo comportamento aparente. E, aquilo que queremos para nós depositamos nesse
outro, em algo que tecnicamente chamados de “projeção”. Durante o período de
namoro não nos permitimos ver ou realmente não conseguimos de fato perceber o que
esse “outro é”, Com a chegada da rotina no relacionamento, as máscaras começam
a cair e torna-se possível conhecer a pessoa como ela é de verdade. Então,
começam a surgir os problemas e é justamente nesse instante que muitos casais
buscam por uma ajuda.
É muito
difícil ter certeza de que um casamento não tem mais solução, isso porque, ao
longo de qualquer vida conjugal, inúmeros conflitos acontecem e são, de algum
jeito, solucionados, por isso é difícil ter a certeza de que se essa é apenas
mais uma crise, ou se será o "início" do fim da união.
O divórcio
torna-se a saída mais evidente quando, pelo menos, um dos cônjuges passou a
acreditar que não vale mais a pena investir no casamento.
Cumplicidade
é a capacidade de duas pessoas se comunicarem, fazer planos juntos e de se
co-ajudarem. Sem cumplicidade os casais podem até viver juntos, mas essa
“parceria” estará fortemente abalada.
Os excessos
de brigas apresentam-se como o índice mais claro do final de um relacionamento,
os cônjuges afastam-se e, em
consequência dessa ausência, surgem fatores como o problemas de ordens sexuais
(perda da libido, impotência,vaginismo, dentre outros), desrespeito, desinteresse, falta de
cooperação, traição e, por vezes, a violência.
Existem
também casos em que um dos indivíduos alega não querer o divórcio por ainda
amar o outro. Mas aí entramos em duas questões interessantes: O amor verdadeiro
pode ser visto dessa maneira em que a vontade do outro não tem importância?
Será que realmente esse sentimento pode ser chamado de amor ou será posse?
Quando o divórcio não
é a saída
Antes
de decidir se a separação é ou não a solução seria interessante considerar
alguns fatos:
De onde vem
essa crise? Alguns especialistas orientam que, antes de se tomar qualquer
decisão relativa ao divórcio, se faz necessária a reflexão: se a crise está
realmente no casamento ou se ela é pessoal. Questões como essas a seguir pode
ajudar bastante na obtenção de algumas respostas e orientações: "Será que
o meu casamento não está bem ou sou quem não está se sentindo bem?"
Príncipe ou sapo?
Conforme já
escrito acima, tanto o homem quanto a mulher projetam no seu parceiro um ideal
amoroso. Todo mundo deseja se casar com um príncipe ou princesa. Espera-se,
inclusive, que esse outro seja perfeito e que esteja sempre disponível para realizar as nossas necessidades. Queremos que esse outro seja perfeito, mas a
realidade é que contos de fadas são vividos por criações da mente humana, porém
a verdade é que não existe ninguém que consiga alcançar esse ideal de perfeição,
nem mesmo aquele que o exige.
Quando o
cônjuge demonstra que não é aquele que
esperamos, ele passa a ser o reverso da idealização, ou seja, se você não é
princesa (ou príncipe) então se torna um dragão.
Nessa situação o divorcio não é a melhor solução, pois, caso não haja o devido
reconhecimento, a mesma história irá se repetir com todas as pessoas que você vier
a se relacionar. E nesse caso, é você quem precisa amadurecer como indivíduo, a
fim de não reproduzir o mesmo padrão de escolha. Afinal, como já dizia Jung: “O
que mais tememos, nos encontra no meio do caminho”.
O divórcio tem seu
preço?
Sim! O divórcio
também tem seu custo, a tarifa de descasar é abrir mão de praticamente tudo o
que foi construído com o casamento: impacto na criação dos filhos, abalo na cumplicidade,
amizade, segurança, questões financeiras, aprovação social, entre outros. É
claro que muitos casais passam a ser grandes amigos, após o término, porém as
questões acima devem ser consideradas e ”colocadas na balança” no momento da
decisão. Se caso acredite que esse preço é alto demais, o divórcio não é a
solução para o seu problema. E sendo assim, ainda há o que se fazer. E esse é
justamente o papel da terapia de casal, ou seja, propiciar um espaço para o
casal identificar possíveis falhas, recuperar assuntos perdidos, por entre a
rotina familiar, na infância pessoal de cada um, reconhecimento de projeções
fixadas nos pais e direcionadas ao parceiros, dentre outros.
E, por fim,
devo salientar que, se nem Platão conseguiu desvendar os mistérios do amor, nós,
meros "estudiosos mortais", devemos com muita cautela analisar caso a
caso e, acima de tudo, respeitar as individualidades de cada um, a fim de não
desperdiçar a belíssima oportunidade da recriação pessoal que todo casamento
pode trazer.