quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Re-modelar o machismo nosso de cada dia.




Por incrível que pareça, o machismo não é uma corrente apenas praticada por homens.

Quando uma mulher, por exemplo, descobre-se grávida, e começa a pensar sobre as escolhas que terá que fazer, como cores de enxoval, pintura do quarto do bebê e pega-se pensando em rosa e azul. Afinal, se for homem, jamais – jamais! – a cor escolhida poderá ser o rosa ou então, esta mãe será rechaçada pelo seu ciclo de amigos, familiares e conhecidos.

Já, se uma garotinha pede de presente um carrinho ou escolhe um brinquedo que faça parte da preferência dos garotos, ela será julgada, primeiramente por sua mãe e, posteriormente pelas pessoas de seu convívio, com crença na possibilidade de vir a se tornar homossexual no futuro.

Se o seu filho tem interesse por fazer ginástica olímpica e sente que sua mãe lhe faz um pré-julgamento de que o esporte é “coisa de mulherzinha, ou tipicamente feminino, está então, moldando a personalidade deste filho. Sem se dar conta que, além de ser filho, este homem também será amigo, marido e pai.

Estes estímulos e repressões de atitudes propagados pela mãe, serão assimilados e propagados por este indivíduo ao decorrer de sua vida, aplicando estes pensamentos em seu cotidiano.

Tudo depende da forma que você vê. Uma menina que que se interessa por luta marcial, pode receber uma ajuda no desenvolvimento de sua personalidade, como por exemplo, adquirir mais disciplina, criar auto-confiança ao defender suas opiniões. Além do que, isto não será indicativo da criação de uma agressividade. E, se um garoto vir a ser impossibilitado de brincar com panelinhas, pode ter seu talento para a gastronomia podado.

Re-modele a maneira como você vê. Não permita que uma visão pré-concebida e ditada pela sociedade, determine o homem ou a mulher que o seu filho se tornará. Ofereça diferentes estímulos. Procure observar de maneira imparcial as reações deste outro ser, para que assim ele desabroche e tenha sua própria visão de mundo.


Não pratique a castração!

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

cachorros, por que de REpente eles viraram gente?



Você já parou para pensar por que gosta mais de cachorro ou gato? Por que se "identifica" mais com Garfield ou Odie? Segundo o professor Carlos C. Alberts, a diferença de comportamento dos dois animais pode explicar essa preferência. “O cachorro vê o ser humano como um líder. Em uma matilha, todos os cães querem agradar o líder, o veneram e são condicionados a ele”, comenta. Geralmente, uma pessoa que não se incomode com essa relação de dependência se dará melhor com um cão.

Para quem perdeu a capacidade de se locomover, seja por aspectos físicos ou por outros motivos, estar perto de um animal é como se realizar através dele. Quando essa pessoa vê um cachorro brincando e correndo livre, tem a oportunidade de projetar-se nele e por alguns instantes é como se o animal pudesse ser uma extensão sua.

Além de proporcionar bem-estar psicológico, os animais também podem ajudar os seres humanos de formas surpreendentes. Em uma prisão de segurança máxima nos Estados Unidos, gatos são oferecidos a presos e, segundo vários depoimentos, "devolvem"sensações como calma e situações como troca afetiva e companhia a pessoas em condições de descrença social. Pesquisas recentes também comprovaram que cães ajudam a detectar cânceres precoces. Por seu olfato apurado, os cachorros descobrem a doença pelo cheiro alterado das pessoas que apenas eles conseguem sentir. Existem também diversas iniciativas espalhados pelo mundo todo que buscam o aproveitamento dessa relação. O Projeto Segunda Chance, que visa o adestramento e ressocialização dos animais que vivem em um abrigo mantido pela instituição, buscam, além da oportunidade de ganhar um novo lar, uma alternativa para deficientes auditivos. O cão, entre outras habilidades, é treinado para reconhecer o barulho da campainha, do alarme de incêndio, o choro de uma criança e avisar, imediatamente, com apenas um toque de umas de suas patas, seu companheiro humano que não pode ouvir. Mas é importante ficarmos atentos a exageros que levam à dependência do proprietário com o seu animal, ou seja, o animal vira o centro da vida da pessoa e seus desejos passam a ser prioridades. Muitas vezes as pessoas se isolam, negando-se a relacionar-se com outros seres humanos em função de diversos aspectos, como por exemplo uma frustração amorosa, traição, morte de um ente querido e a partir disso, pode vir a acreditar que ninguém mais é digno de confiança e dedicação, desenvolvendo então um relação doentia com seus animais de estimação.

Segundo a Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação), até o fim do ano teremos 37,1 milhões de cachorros e 21,4 milhões de gatos espalhados pelo país e caso ainda haja alguma dúvida sobre o impacto desse expressivo número é só andar pelas ruas para se deparar com imensas franquias de pet shops. Banhos, consultas, roupinhas, carrinhos para passeio estão quase se tornando itens obrigatórios no planejamento financeiro de muitas famílias, a ponto de o animal ser mais bem tratado que muitas pessoas.

Para o bichinho, os excessos de "humanizações" também não são positivos, afinal eles apesar de domesticados pelo anos e anos de convívio com o humano ainda conservam em seu DNA uma semelhança incrível com seus parentes distantes, os lobos. Você sabia que o DNA de um cachorro carrega uma semelhança de aproximadamente 90% do dna de um lobo selvagem?

Agora faça uma reflexão se há realmente sentido em favorecer a dependência de seus animais. Pergunte-se como se sentiria se ficasse o dia todo esperando ao lado da porta de entrada alguém retornar após horas e horas? Pois então, independente de traumas passados, você precisa confiar, aproveitar também do contato com outro humano e eles precisam ser vistos como animais e respeitados como tal. Precisam de opções para ficarem felizes também sozinhos (deixar ao alcance deles brinquedos a que na sua companhia não têm acesso pode ser uma boa opção), precisam se sujar, farejar, rolar em uma grama molhada, estar em contato com outros animais, para conservarem suas raízes.


Pense nisso e você sentirá o benefício dessa mudança de pensamento.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

REveja sua felicidade.

"Eu perdoo meu passado.
Perdoo os que me fizeram sofrer e perdoo a Vida por não ter sido como eu gostaria.

Humildemente, reconheço que minha ignorância da época atraiu experiências para me fazer amadurecer e se eu estou, hoje, aqui lendo este texto, significa que tudo o que eu sofri valeu, de certa forma, à pena. Pois me estimulou a ir por um caminho melhor.

Eu me liberto, me curo e dispenso, com toda minha força, as energias que definitivamente não me prosperam em nada.

Dou adeus ao que tiver que ir embora da minha jornada e me abro ao N-O-V-O, que certamente, virá ao meu encontro agora que escolhi me dar uma nova chance."



terça-feira, 30 de abril de 2013

REmodelar-se a Matrix.


Na primeira cena deste vídeo, o meu filme predileto é mostrado. "Na natureza selvagem" é o nome dele, e nele o personagem principal (extraído de uma história real) questiona a vida que lhe foi apresentada desde o seu nascimento. 
Vindo de uma família burguesa dos EUA, ele ao se formar em uma grande Universidade segue rumo a maior aventura de sua vida. Uma viagem ao Alasca.
Escolhi esse vídeo por juntar essa cena com o diálogo do filme "Matrix", justamente por ambos abrangerem o mesmo tópico. Aqui as cenas vão se alternando no intuito de reforçarem o sentido do diálogo.

"Sentiste-o durante toda a tua vida de que há qualquer coisa errada com o mundo. Tu não sabes o que é, mas está aí, como uma farpa na tua mente que te enlouquece.
Sabes do que estou a falar?
A Matrix está em todo o lado. Está a nossa volta. Até neste momento, nesta mesma sala.
Tu podes vê-la quando olhas pela tua janela ou quando ligas a tua televisão.
Podes senti-la quando vais trabalhar, quando vais à Igreja, quando pagas os teus impostos.
Este é o mundo que nos foi colocado à frente dos olhos para nos cegar para a verdade. 
Que verdade?
De que és um escravo Neo. Tal como todos, nasceste na escravatura. E nascido numa prisão que não consegues cheirar, saborear ou tocar. Uma prisão para a tua mente.
Uma prisão para a tua mente. Este é o teu Deus.
Lá dentro, bem no fundo, sempre soubestes a verdade.
De que nada disto tem que ser assim.
De que há mais para a vido do que nos foi dito.
De que tua vida tem um propósito maior. Tu estais aqui para despertar"

(Diálogo principal no encontro entre "Neo" (Keanu Reeves) e Morpheus (Larence Fishburne))

Veja além caros irmãos.
Há muito mais que seus olhos podem ver!

(Dedicado as lindas almas - Mariana Barros e Paulo Ferreira)

terça-feira, 23 de abril de 2013

o que REalmente acabou?


É esperado que nenhum psicólogo pretenda incentivar um casal a se separar, até porque essa não é nossa função, porém existem casos em que os conflitos e prejuízos são tamanhos que tornam essa a solução mais adequada. Nas linhas abaixo irei expor um pouco sobre o fim do casamento e alguns pontos a serem considerados ao tomar essa decisão.






Como saber se o divórcio é a melhor solução?

Dos variados problemas que afetam a vida conjugal, destaca-se, a precariedade do vínculo afetivo. Ele nasce na formação da personalidade, na infância. Caso a pessoa não tenha formado um grau satisfatório de vínculo com os responsáveis por sua criação, encontrará dificuldades nas relações que sucederão. Por força do encanto exercido no período de namoro entre duas pessoas, vários comportamentos ficam ocultos. Frases como: “Você não era assim quando lhe conheci”; “Gostaria que você voltasse a ser como era antes”, “Ah, como era bom nosso namoro”, são muito frequentes. Mas o que de fato mudou?

Será que realmente foi o outro que mudou ou apenas as expectativas envolvidas no encontro do casal que começam a “cair por terra”?

Nas relações humanas, sobretudo na vida conjugal, observam-se comportamentos variados. Inicialmente, evidencia-se o poder do envolvimento e o êxtase exercido pela atração das partes que se conhecem. Conforme Moraes (2003), escolhemos os nossos pares pelo comportamento aparente. E, aquilo que queremos para nós depositamos nesse outro, em algo que tecnicamente chamados de “projeção”. Durante o período de namoro não nos permitimos ver ou realmente não conseguimos de fato perceber o que esse “outro é”, Com a chegada da rotina no relacionamento, as máscaras começam a cair e torna-se possível conhecer a pessoa como ela é de verdade. Então, começam a surgir os problemas e é justamente nesse instante que muitos casais buscam por uma ajuda.
É muito difícil ter certeza de que um casamento não tem mais solução, isso porque, ao longo de qualquer vida conjugal, inúmeros conflitos acontecem e são, de algum jeito, solucionados, por isso é difícil ter a certeza de que se essa é apenas mais uma crise, ou se será o "início" do fim da união.
O divórcio torna-se a saída mais evidente quando, pelo menos, um dos cônjuges passou a acreditar que não vale mais a pena investir no casamento.
Cumplicidade é a capacidade de duas pessoas se comunicarem, fazer planos juntos e de se co-ajudarem. Sem cumplicidade os casais podem até viver juntos, mas essa “parceria” estará fortemente abalada.
Os excessos de brigas apresentam-se como o índice mais claro do final de um relacionamento,  os cônjuges afastam-se e, em consequência dessa ausência, surgem fatores como o problemas de ordens sexuais (perda da libido, impotência,vaginismo, dentre outros),  desrespeito, desinteresse, falta de cooperação, traição e, por vezes, a violência.
Existem também casos em que um dos indivíduos alega não querer o divórcio por ainda amar o outro. Mas aí entramos em duas questões interessantes: O amor verdadeiro pode ser visto dessa maneira em que a vontade do outro não tem importância? Será que realmente esse sentimento pode ser chamado de amor ou será posse? 

Quando o divórcio não é a saída

Antes de decidir se a separação é ou não a solução seria interessante considerar alguns fatos:
De onde vem essa crise? Alguns especialistas orientam que, antes de se tomar qualquer decisão relativa ao divórcio, se faz necessária a reflexão: se a crise está realmente no casamento ou se ela é pessoal. Questões como essas a seguir pode ajudar bastante na obtenção de algumas respostas e orientações: "Será que o meu casamento não está bem ou sou quem não está se sentindo bem?"

Príncipe ou sapo?

Conforme já escrito acima, tanto o homem quanto a mulher projetam no seu parceiro um ideal amoroso. Todo mundo deseja se casar com um príncipe ou princesa. Espera-se, inclusive, que esse outro seja perfeito e que esteja sempre disponível para realizar as nossas necessidades. Queremos que esse outro seja perfeito, mas a realidade é que contos de fadas são vividos por criações da mente humana, porém a verdade é que não existe ninguém que consiga alcançar esse ideal de perfeição, nem mesmo aquele que o exige.
Quando o cônjuge  demonstra que não é aquele que esperamos, ele passa a ser o reverso da idealização, ou seja, se você não é princesa (ou príncipe) então se torna um dragão. Nessa situação o divorcio não é a melhor solução, pois, caso não haja o devido reconhecimento, a mesma história irá se repetir com todas as pessoas que você vier a se relacionar. E nesse caso, é você quem precisa amadurecer como indivíduo, a fim de não reproduzir o mesmo padrão de escolha. Afinal, como já dizia Jung: “O que mais tememos, nos encontra no meio do caminho”.

O divórcio tem seu preço?

Sim! O divórcio também tem seu custo, a tarifa de descasar é abrir mão de praticamente tudo o que foi construído com o casamento: impacto na criação dos filhos, abalo na cumplicidade, amizade, segurança, questões financeiras, aprovação social, entre outros. É claro que muitos casais passam a ser grandes amigos, após o término, porém as questões acima devem ser consideradas e ”colocadas na balança” no momento da decisão. Se caso acredite que esse preço é alto demais, o divórcio não é a solução para o seu problema. E sendo assim, ainda há o que se fazer. E esse é justamente o papel da terapia de casal, ou seja, propiciar um espaço para o casal identificar possíveis falhas, recuperar assuntos perdidos, por entre a rotina familiar, na infância pessoal de cada um, reconhecimento de projeções fixadas nos pais e direcionadas ao parceiros, dentre outros.

E, por fim, devo salientar que, se nem Platão conseguiu desvendar os mistérios do amor, nós, meros "estudiosos mortais", devemos com muita cautela analisar caso a caso e, acima de tudo, respeitar as individualidades de cada um, a fim de não desperdiçar a belíssima oportunidade da recriação pessoal que todo casamento pode trazer.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

REveja seus costumes.


A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir totalmente as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, o ar, a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não conseguimos almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: Hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. A ganhar menos do que precisa. A fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que se as coisas continuarem como estão, talvez iremos pagar mais e mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

(Marina Colasanti)

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Uma fuga as chatices das REgras sociais.


Deixando de lado todas as polêmicas pessoais da vida do diretor Roman Polanski (o mesmo de "Chinatown" e "O Pianista"), é criado “O Deus da carnificina”, uma comédia negra de altíssimo nível dramático sobre as aparências e seus enganos, filmada com uma destreza exemplar, a partir de uma obra para teatro da dramaturga francesa, conjuntamente com as brilhantes atuações de Kate Winslet, Jodie Foster, John C. Reilly e Christoph Waltz.

O encontro entre os dois casais "civilizados" vai se degenerar, partindo para a "carnificina" do título.
O interesse encontra-se, portanto, na progressão certeira e inevitável rumo ao caos.

É ótimo ver os personagens se desenvolvendo aos poucos, deixando cair as máscaras, tanto para a mulher de esquerda, ideológica (Jodie Foster) quanto para o capitalista cínico, feroz (Christoph Waltz).

Em uma estrutura que não larga seus personagens em momento algum, os atores são indispensáveis - a escolha do elenco foi excelente neste caso. Se Christoph Waltz e Kate Winslet não têm mais nada a provar para ninguém, há muito tempo não se via Jodie Foster tão bem em cena, ou John C. Reilly em um papel que fugisse do homem passivo e pouco inteligente.
A diversão do espectador encontra-se em sua posição cômoda diante da catástrofe alheia, que ele pode testemunhar como um voyeur, sem implicação. Em minha opinião, se o filme faz críticas à burguesia, ele não pretende ser um tratado sobre a falência dos valores humanos, apenas um cutucão cômico e leve sobre as hipocrisias sociais. Quando as interações pegam fogo, e as bocas começam a despejar com a mesma intensidade insultos e simbólicos vômitos, resta o prazer de ver até onde a “brincadeira” de ser autêntico pode ir.

Em um mundo adulto tão condicionado por regras sociais, é uma "delícia" ver quatro pessoas "perfeitamente" educadas rebaixando-se e dizendo em voz alta aquilo que muitos outros pensam, mas não ousam falar, por "n" motivos. Um cinema-catarse e uma psicanálise da classe média-alta na medida certa para a projeção de culpas e desejos escondidos sob o véu de um moralismo hipócrita que impera em nossa sociedade.